ANTÓNIO SOUSA RIBEIROSangue e tinta de impressão. A violência dos media em Karl Kraus

Pensamento, Fora de Portas
Qua, 19 Jul 2023
19:00 – 20:30

@ Casa das Artes
Rua Ruben A, 210. Porto
ver no mapa

Entrada livre

(Fotografia: Alexandre Delmar, da série Monumentos Acidentais)

 

A crítica à imprensa e a análise dos mecanismos de formação da opinião pública enquanto falso senso comum está inscrita desde o início como objectivo central no programa da revista Die Fackel, de Karl Kraus. A experiência da guerra iria radicalizar esta crítica em moldes que podem considerar-se paradigmáticos. Tendo como pano de fundo o drama Os Últimos Dias da Humanidade e indo buscar exemplos a textos menos conhecidos escritos a propósito da Guerra dos Balcãs de 1912-1913, a palestra irá desenvolver aspectos da flagrante actualidade da crítica dos media em Kraus. António Sousa Ribeiro

 

António Sousa Ribeiro é professor catedrático aposentado da Secção de Estudos Germanísticos do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Entre outros cargos, foi, nesta Faculdade, presidente do Conselho Científico e director do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas. Na sua longa trajetória docente, foi, nomeadamente, coordenador dos programas de doutoramento em “Pós-Colonialismos e Cidadania Global”, “Materialidades da Literatura”, “Linguagens e Heterodoxias: História, Poética e Práticas Sociais”, “Culturas e Literaturas Modernas” e “Discursos: Cultura, História, Sociedade”. É também investigador do Centro de Estudos Sociais da UC, onde assumiu diferentes responsabilidades directivas. Publicou extensamente sobre diferentes tópicos no âmbito dos Estudos Germanísticos (em particular sobre Karl Kraus e a modernidade vienense), da Literatura Comparada, dos Estudos de Cultura, dos Estudos Pós-Coloniais, dos Estudos de Tradução e dos Estudos sobre a Violência. Tem-se dedicado igualmente à tradução literária (Walter Benjamin, Bertolt Brecht, Elfriede Jelinek, Franz Kafka, Hermann Broch, Karl Kraus, Thomas Mann, Robert Musil, Friedrich Nietzsche, entre outros). 

Imagens de pensamento

“Imagens de pensamento” dá título a este ciclo de conferências que abre um espaço na programação do Sismógrafo para pensar as imagens e através das imagens. Pretende-se com estas conferências unir o discursivo e a imagem, confrontá-los, reconhecer o potencial de uma imagem, de um fragmento, resgatando experiências vitais ameaçadas num presente incerto. Estes tempos da “pós-verdade” e dos “factos alternativos”, turbulentos e inquietantes, tempos de pandemias, de crises ecológicas, financeiras, políticas e sociais, são “tempos interessantes”, para usar a expressão popularizada por Eric Hobsbawm. Tempos interessantes especialmente para o pensamento. Pensar é já contribuir para uma mudança. Este ciclo reivindica uma cooperação entre a força expressiva da arte e a precisão da filosofia. Sem uma linguagem que as acolha, as imagens podem cegar-nos ou nada dizer. Com estas conferências, o Sismógrafo procura cuidar o que Alexander Kluge chama um “jardim de cooperação”, um lugar que preserva os momentos em que a palavra e a imagem convergem de forma a produzirem algo novo, um espaço para a discrepância e a cooperação face às cacofonias da informação, face à manipulação industrial e escravização dos sentimentos. Em tempos difíceis, de cisões e segregações, a cooperação apresenta-se como um antídoto do tribalismo (Richard Sennett). Para abrir na cidade este jardim, este espaço de debate e polifonia, o Sismógrafo convidou oradores ligados à filosofia, à estética, à crítica de arte, às artes plásticas e ao cinema que, em diferentes momentos e desde diferentes perspectivas, procurarão apresentar um diagnóstico do presente.