ANDREA PÉREZ FERNÁNDEZArte, revolução e o olhar das mulheres criadoras: uma viagem pela Alemanha de WeimarCiclo Imagens de Pensamento

Curadoria de Susana Camanho & Emídio Agra

Pensamento
Sáb, 25 Nov 2023
15:30 – 17:00

@ Casa das Artes
Rua Ruben A, 210. Porto
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Entrada livre

(Fotografia: Rita Senra, 2021)

Nesta conferência iremos propor algumas pistas para pensar a relação entre as artes e os movimentos políticos emancipatórios, destacando especialmente o trabalho das mulheres artistas. Iremos refletir a partir do contexto da Alemanha do período entre guerras, uma vez que, após a Primeira Guerra Mundial, vozes de origens muito diversificadas questionaram a função das artes e consideraram a possibilidade de as colocar ao serviço de diferentes ideais políticos. Analisaremos algumas destas posições e a forma como se materializaram em práticas artísticas concretas.

Andrea Pérez Fernández é investigadora do Seminario Filosofía y Género da Universidade de Barcelona. Com uma tese de doutoramento sobre a dimensão política da obra da artista Hannah Höch, trabalha a relação entre o socialismo e as artes na Alemanha de Weimar. No último ano, editou, traduziu e prefaciou o livro Dos mujeres con gato: escritos sobre las artes de Hannah Höch y Lu Märten juntamente com Isabel García Adánez (Editora Tres Hermanas). No contexto do projecto de investigação Mujeres a la vanguardia del activismo entre siglos (XIX y XX), dirigido por À. Lorena Fuster, tem vindo a dedicar-se à obra de Rosa Luxemburgo. Entre as suas publicações, destacam-se “Hannah Höch: Notes on Violence and Vulnerability” (em Ruth Hagengruber, Women Philosophers on Economics, Technology, Environment, and Gender History, DeGruyter, 2023), “La crítica de Simone Weil a Marx: un referente para el ecosocialismo” (com Pau Matheu, em Isegoría, 2022) e “From compassion to distance: Hannah Höch’s ‘Mother’” (European Journal of Women’s Studies, 2022). Pérez Fernández participou em inúmeros congressos internacionais e fez investigação na Freie Universität Berlin e na Loughborough University. 

Imagens de Pensamento

“Imagens de pensamento” dá título a este ciclo de conferências que abre um espaço na programação do Sismógrafo para pensar as imagens e através das imagens. Pretende-se com estas conferências unir o discursivo e a imagem, confrontá-los, reconhecer o potencial de uma imagem, de um fragmento, resgatando experiências vitais ameaçadas num presente incerto. Estes tempos da “pós-verdade” e dos “factos alternativos”, turbulentos e inquietantes, tempos de pandemias, de crises ecológicas, financeiras, políticas e sociais, são “tempos interessantes”, para usar a expressão popularizada por Eric Hobsbawm. Tempos interessantes especialmente para o pensamento. Pensar é já contribuir para uma mudança. Este ciclo reivindica uma cooperação entre a força expressiva da arte e a precisão da filosofia. Sem uma linguagem que as acolha, as imagens podem cegar-nos ou nada dizer. Com estas conferências, o Sismógrafo procura cuidar o que Alexander Kluge chama um “jardim de cooperação”, um lugar que preserva os momentos em que a palavra e a imagem convergem de forma a produzirem algo novo, um espaço para a discrepância e a cooperação face às cacofonias da informação, face à manipulação industrial e escravização dos sentimentos. Em tempos difíceis, de cisões e segregações, a cooperação apresenta-se como um antídoto do tribalismo (Richard Sennett). Para abrir na cidade este jardim, este espaço de debate e polifonia, o Sismógrafo convidou oradores ligados à filosofia, à estética, à crítica de arte, às artes plásticas e ao cinema que, em diferentes momentos e desde diferentes perspectivas, procurarão apresentar um diagnóstico do presente.