BEGONYA SÁEZ TAJAFUERCEImagem-afecto: Corpo, pensamento e desejo

"A partir da noção de corpo desejante, iremos explorar a possibilidade de pensar a imagem nesses mesmos termos num mundo altamente tecnificado, digitalizado e informatizado, que parece responder à mera lógica do cálculo. É nesse mundo que nos deparamos com as imagens e que as imagens se deparam connosco, abandonando o lugar de objecto que habitualmente lhes atribuímos, quando nos instalamos no paradigma representacional, para ocuparem o lugar do sujeito. Contudo, as imagens tornam-se sujeito situando-se num lugar intermédio, intersticial, oscilando num entre que elas próprias fazem e desfazem através do desejo. Desta forma, como iremos ver, as imagens questionam e desactivam o esquema sujeito/objecto e, portanto, a lógica representativa acima referida. Esta abordagem, esta tentativa, pressupõe um exercício de reterritorialização das imagens, um novo agenciamento, nas palavras de Deleuze, que elas próprias levam a cabo precisamente enquanto imagens desejantes." Begonya Sáez Tajafuerce

Begonya Sáez Tajafuerce, doutora em Filosofia pela Universidade Autónoma de Barcelona, é professora e coordenadora de estudos de master e doutoramento do Departamento de Filosofia da mesma universidade. A sua investigação centra-se na definição e representação da identidade. Forma parte do Grupo de Investigación Cuerpo y Textualidad que, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, analisa o corpo como lugar para a identidade e o modo como nele se inscrevem o género, a etnia, a classe e a identidade sexual, desde os discursos culturais. Editou, entre outros, os livros Cuerpo, memoria y representación: Adriana Cavarero y Judith Butler en diálogo (Icaria, 2014) e, com Isabel Segura e Mireia Calafell, “Presentació”, Off the Record. Representacions fronteres de la memòria històrica de les dones (2011, Barcelona: EdiUOC). Escreveu “Feminismos de frontera: memoria y representación”, Ritmos contemporáneos. Género, política y sociedad en los siglos XIX y XX (Madrid: Universidad Carlos III, UCM, 2012) e, com Adela Cortijo, Mireia Calafell e Meri Torras, “Releyendo Persépolis, de Marjane Satrapi” (Oviedo: KRK, 2009), entre outros. É tradutora de Søren Kierkegaard para catalão e castelhano.

Imagens de pensamento

“Imagens de pensamento” dá título a este ciclo, organizado pelo Sismógrafo e com curadoria de Susana Camanho e Emídio Agra, que se propõe pensar as imagens e através das imagens. Com estas conferências procuramos cuidar o que Alexander Kluge chama um “jardim de cooperação”, um lugar que preserva os momentos em que a palavra e a imagem convergem de forma a produzirem algo novo, um espaço de discrepância e cooperação face às cacofonias da informação, face à manipulação industrial e escravização dos sentimentos. Este espaço de debate e polifonia teve um primeiro momento em Julho de 2020, com uma conferência da filósofa italiana Stefania Fantauzzi sobre o papel das imagens no pensamento de Hannah Arendt, e um segundo momento em Outubro, acolhendo R.H. Quaytman, João Barrento, Chantal Benjamin e Lais Benjamin Campos, desta vez com Walter Benjamin como figura central. Neste ano de 2021, pudemos assistir, em Junho, a uma conferência da filósofa Laura Llevadot sobre o estatuto político das imagens produzidas durante a pandemia. Em Julho, celebrámos o bicentenário de Baudelaire, com a conferência de Mario Campaña, “A experiência do Mal e a posteridade de Baudelaire”. Acolhemos, agora, Begonya Sáez Tajafuerce, com a conferência “Imagem-afecto: Corpo, pensamento e desejo”, em articulação com a exposição “The body – borrows a Revolver”.

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