Somos o Tempo
Exposição
29 Out – 3 Dez 2022
Somos o Tempo é a primeira apresentação de Mikhail Karikis no Porto. Reúne um novo corpo de trabalho que reflecte sobre a emergência climática. Em três obras, o artista explora a escuta como uma força de cuidado, solidariedade e activismo, propondo a sonoplastia como uma acção sociopolítica que nos ajuda a cultivar visões comuns, a sintonizar as sonoridades das alterações climáticas e a celebrar o nosso envolvimento com o mundo.
Surging Seas inclui uma apresentação de placards com imagens de arquivo de protestos ambientais em Portugal, cartazes, apelos à acção e mapas de inundações de um futuro próximo. A partir de websites de simulação climática, as imagens dos cartazes mostram a extensão das inundações e da perda de terrenos na zona costeira da área do Porto, num cenário de aumento da temperatura global na ordem de +2ºC. Um vídeo apresenta uma transcrição de uma conversa imaginária entre dois jovens, em 2080, que perguntam o que une os seres humanos, reflectindo sobre o instinto de preservar e amar todas as formas de vida, bem como sobre a nossa responsabilidade para com as gerações futuras. Esta conversa foi desenvolvida em colaboração com estudantes de 20 anos, da Birmingham School of Art, recorrendo a partituras musicais didácticas da musicóloga e compositora queer Pauline Oliveros.
The Weather Orchestra, uma instalação de som e vídeo, é uma ode aos elementos, que expressa a nossa profunda relação e envolvimento com o tempo, celebrando a nossa ligação à atmosfera e à terra. Nesta instalação, o espaço do Sismógrafo transforma-se num sistema meteorológico interior gerado através da vibração sonora e do canto. Uma projecção apresenta músicos que actuam com instrumentos e máquinas sonoras analógicas concebidas para imitar os sons de fenómenos naturais. Uma máquina de vento barroca, três paus de chuva cerimoniais latino-americanos, um tambor oceânico, um telefone de água, um tubo de trovão e folhas de trovão metálicas enchem o espaço com música meteorológica que alude às forças e à magnificência da natureza. No meio desta paisagem sonora, irrompem, num monitor LCD, canções e apelos populares que expressam alegria, respeito, medo e admiração pelos elementos que nos rodeiam, por cantores da Síria, da Dinamarca, da Madeira e de Portugal Continental.
Colectivamente, as obras exultam o poder transformador da audição e da sonorização enquanto declaram que somos o tempo e que, agora, chegou o momento de mudarmos o curso das alterações climáticas.
Mikhail Karikis (Thessaloniki, Grécia, 1975) vive entre Londres e Lisboa. O seu trabalho nas áreas da imagem em movimento, som, performance e outros meios tem sido mostrado em bienais de arte contemporânea, museus e festivais de cinema. Seleccionado, em 2019 e 2016, para o Film London Jarman Award, Karikis integrou diversas exposições internacionais, destacando-se: Lisboa Soa (2022); 2nd Riga Biennial, LV (2020); Kochi-Muziris Biennale, IN (2016); British Art Show 8, UK (2015-2017); Steirischer Herbst, AT (2015); 5th Thessaloniki Biennale, GR (2015); 19th Biennale of Sydney, AU (2014); Mediacity Seoul/SeMA Biennale, Seoul, KR (2014); Videonale 14, Kunstmuseum Bonn, DE (2013); 2nd Aichi Triennale, JP (2013); Manifesta 9, BE (2012); Danish Pavilion, 54th Venice Biennale, IT (2011). Realizou exposições individuais em instituições como: Carpintarias de São Lázaro, PT (2022); Tate Liverpool, UK (2020); Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, IT (2019); Middlesbrough Institute of Modern Art, UK (2019-2020); De la Warr Pavilion, UK (2019-2020); MORI Art Museum, Tokyo, JP (2019); Whitechapel Gallery, London, UK (2018-2019) e Turku Art Museum, FI (2018); entre outras. Karikis lançou três álbuns de música a solo, também actua como músico e dirige o programa de doutoramento da MIMA School of the Arts and Creative Industries.
Exposição
29 Out – 3 Dez 2022