ANGYVIR PADILLA & YOEL PYTOWSKISand used to be big rocks

Exposição
8 Out – 6 Nov 2021

O ponto de partida para esta segunda mostra conjunta da dupla Angyvir Padilla e Yoel Pytowski é o seu interesse comum por temas como a migração e a diáspora através da lente da geologia. Um conto sobre a viagem de uma rocha, desde o seu nascimento subterrâneo até à sua erosão e ao seu renascer mediante a sedimentação, estrutura a exposição.

Nas suas práticas individuais, Padilla e Pytowski têm demonstrado particular interesse pelas instalações imersivas. Para Padilla este interesse tem sido centrado em objectos e estruturas mundanas, prontas para serem activadas pela artista ou para submergir o espectador num ambiente holístico. Pytowski, por sua vez, tem-se mostrado particularmente interessado em intervir na arquitectura dos espaços de exposição – reconfigurando-os, reconstruindo-os e voltando a imaginá-los.

O trabalho de Angyvir parte de um questionamento contínuo da memória e da passagem do tempo, manifestando-se através de uma vasta gama de objectos e instalações imersivas que giram em torno das noções de pertença e deslocamento global. Interessa-lhe explorar as lacunas entre identidade, memória e materiais e como todos estes se podem referir a diferentes formas de interacção com lugares ou estados de espírito íntimos. A forma como Padilla apresenta e trata os objectos e os materiais relativos ao espaço proporciona muitas incursões e possibilidades de ligações emocionais ao espectador, o que muitas vezes lhe permite confiar no que os materiais e os objectos dizem.

As noções de “casa” como um lugar íntimo ou remoto e a relação entre os seres humanos e a natureza são temas centrais no seu trabalho. Tal como foi mencionado, Angyvir aborda temas relativos à diáspora, como a fragmentação das identidades e a angústia provocada pelas “saudades” que afectam não só imigrantes ou expatriados, mas também outros indivíduos, devido a um modo de vida “globalizado” capaz de suscitar o sentimento colectivo de “não pertença”. Isto também poderia ser aplicado à nossa relação com a natureza - o que levaria a uma espécie de “casa” longínqua e perdida.

Estes são também temas centrais na prática de Pytowski. Crescendo em mais de cinco países diferentes e não sentindo nenhum vínculo nacionalista com qualquer um deles, a relação de Yoel com a identidade e o lugar está marcada por deslocações, pontos de referência móveis e desfocados, bem como contrastes culturais e sociais. Na sua infância e adolescência, ele e a sua família habitaram casas em construção, desenvolvendo um fascínio por estruturas e espaços em mutação. O artista procura questionar estes paradigmas, explorando os domínios da arquitectura, escrita e desenho.

As suas instalações in-situ desafiam a designação de lugar como elemento narrativo central, evocando fenómenos de construção, destruição e reconstrução do passado ou do futuro. Esta interacção forma um cenário ambíguo onde é difícil discernir o trabalho do artista. O que estamos a ver? Onde estamos? O que estaria aqui antes e desde quando?…

Esta rocha que Padilla e Pytowski trazem agora para o Sismógrafo é, tanto metafórica como fisicamente, uma síntese das suas preocupações sobre os materiais e os temas que envolvem as suas práticas artísticas. É uma forma de moldar múltiplas possibilidades dentro de um material. Como nas suas próprias experiências, aqui as coisas foram transformadas e voltadas a transformar até chegarem à forma que agora apresentam. Assumem-se como um processo contínuo onde não existe final, onde o que sobra pode ser transformado em algo novo, provocando-nos uma ansiedade suscitada pela incógnita sobre aquilo em que se irá tornar.

Angyvir Padilla (Caracas, 1987) estudou Comunicação Visual na Prodiseño (2004), em Caracas, Escultura na ENSAV La Cambre (2015) e Belas Artes na LUCA School of Arts (2018), em Bruxelas. Recentemente, Angyvir participou em várias exposições na Bélgica, Holanda, França, Venezuela e Grécia. Em 2020, foi seleccionada como terceira laureada do prémio Artcontest em Bruxelas (BE), e de Junho a Outubro de 2021, expõe no museu S.M.A.K em Gante (BE) como finalista do prémio Friends of S.M.A.K. Em Outubro de 2021, terá uma exposição individual no CENTRALE Vitrine em Bruxelas (BE) e, em Dezembro de 2021, apresentará outra exposição individual no FRAC Grand Large em Dunkerque (FR), como parte da Bienal Watch This Space, um projecto desenvolvido em parceria com o Château Coquelle e com o FRAC Grand Large, organizado pelo 50º Nord.
 
Yoel Pytowski (Rehovot, Israel, 1986) vive e trabalha na Bélgica. Estudou na ENSAV La Cambre (2012) e na LUCA School of Arts (2018), em Bruxelas. Recentemente, Yoel participou em várias exposições tanto na Bélgica, como na Holanda, França ou Grécia. Em 2018, foi seleccionado como 1º laureado do prémio Artcontest, em Bruxelas (BE) e, até Novembro de 2021, estará a expor no Magma, na Trienal de Ottignies-Louvain-La-Neive (BE). Realizou recentemente a exposição individual Façades, na Botanique Gallery em Le Centre culturel de la Fédération Wallonie-Bruxelles (BE, 2020), e One-Way Street, outra exposição individual no Espace Moss (BE, 2019). Este Outubro, participará numa exposição colectiva na Everyday Gallery (BE) e, em 2022, na residência francesa Moly Sabata (FR) juntamente com Angyvir Padilla.

Exposição
8 Out – 6 Nov 2021