LUÍS PAULO COSTANaked Girls

Exposição
13 Nov – 12 Dez 2015

Inauguração
Sexta-feira, 13 Novembro 22:00

Entrada gratuita

A nudez e o nu, para tomar o título de um texto de Kenneth Clark, é um assunto constantemente discutido no campo da arte. É na diferença entre esses dois termos que tudo se joga: de um lado a vergonha, do outro o prazer estético. Apesar da aceleração favorecida pelas novas tecnologias, a distinção entre os termos nudez e nu continua a ser operativa, sendo que o primeiro é habitualmente remetido para situações associadas ao espaço privado, enquanto o segundo se manifesta em realizações artísticas (escultura, pintura, fotografia, cinema).
</br></br> Um outro autor, Daniel Arasse, introduz uma curiosa variante entre estes dois pólos. Após recordar uma frase de Jean-Luc Nancy, em <i>Corpus</i> – “nós não pusemos o corpo a descoberto: nós inventámo-lo e ele é a nudez” –, o historiador de arte evoca a <i>Vénus de Urbino</i>, pintada em 1538 por Ticiano, para afirmar que com esta obra o artista italiano aperfeiçoou uma “verdadeira estratégia de erotização da representação visual do corpo feminino de que a pintura europeia não se afastará durante três séculos”, ou seja, até Manet.
</br></br> É no pormenor das duas servas presente no fundo da pintura – personagens essas que desviam por momentos a atenção da nudez, do nu, da Vénus –, que Arasse vê a invenção de uma ideia destinada a um longo futuro: “ocupadas a arrumar (ou a procurar) as roupas da ‘donna ignuda’, estas duas figuras transformam o corpo nu que ocupa o primeiro plano num corpo ‘despido’.” E não foi Goya que pintou uma <i>Maja desnuda</i>? Caberia aqui ainda citar o livro <i>Nus Sommes</i>, de Federico Ferrari e Jean-Luc Nancy, no qual se abordam algumas destas questões, de A a Z: “O nu aparece a partir de uma espera de nada, a partir de um olhar despido e sem nostalgia pela solidão complacente da forma”, escrevem a propósito de <i>Combustione</i> (1964), de Alberto Burri.
</br></br> No século XX, desde Duchamp – <i>Nu descendo uma escada no 2</i> (1912) – até Gerhard Richter – <i>Ema (Nude on a staircase)</i> (1966) –, a pintura continuou a prolongar o debate acerca da nudez e do nu. É este também o assunto central da nova série de obras de Luis Paulo Costa, <i>Naked Girls</i>. Constituído por dez pinturas, este corpo de trabalho é agora revelado em simultâneo em dois espaços: o Sismógrafo, no Porto, a partir de 13 de Novembro, e na Ermida, em Lisboa, neste caso numa exposição que abriu ao público a 7 de Novembro. Todos os quadros – óleos sobre impressões a jacto de tinta – têm a mesma dimensão (30 x 25 cm). Tratam-se de imagens do corpo trabalhadas com pintura como se a tinta pudesse ser uma pele que esconde para poder mostrar.
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Luís Paulo Costa (Abrantes, 1968) vive e trabalha em Lisboa. Participou em diversas exposições individuais e colectivas, nomeadamente no Museu Serralves, (Porto, 2012, 2013),  no Pavilhão Branco, (Lisboa, 2014), Espaço Campanhã, (Porto, 2012), entre outras. O assunto do seu trabalho é a pintura. É representado pela galeria Cristina Guerra Contemporary Art, em Lisboa e pela Pedro Oliveira, no Porto.

Exposição
13 Nov – 12 Dez 2015

Inauguração
Sexta-feira, 13 Novembro 22:00

Entrada gratuita