KEVIN VAN BRAAKDemasiadas Sombras

Exposição
24 Out – 16 Nov 2014

Inauguração
Sexta-feira, 24 Outubro 22:00

Entrada gratuita
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Em 1942, durante a II Guerra Mundial, as tropas japonesas invadiram a Birmânia, actual Myanmar, então uma colónia britânica. Os novos ocupantes decidiram resgatar o velho projecto de unir esse país à Tailândia através de uma via ferroviária, ideia entretanto abandonada devido às dificuldades colocadas pelo percurso: um terreno acidentado e pontuado por muitos rios. A empreitada que então aconteceu – a construção foi terminada em Outubro de 1943, dezasseis meses depois de terem arrancado os trabalhos – foi realizada com o esforço de 330 mil homens, entre os quais mais de 60 mil prisioneiros de guerra aliados (holandeses, ingleses, australianos, etc.). As consequências desta obra foram trágicas, mais de 100 mil mortos, sobretudo devidos a maus tratos, às condições laborais, à doença e à fome. Este episódio infame da história da humanidade cruza-se com a vida de Hie Thwan Tan, nascido em Probolinggo, na Indonésia, em 1917. Em 1942, o exército japonês invadiu as então Índias Orientais Holandesas, fazendo inúmeros prisioneiros, entre os quais este polícia, que foi levado de barco de Surabaia para Singapura, tendo depois sido encaminhado para a construção do caminho de ferro da Birmânia. Hie Thwan Tan foi um dos sobreviventes e é avô do artista holandês Kevin van Braak, que, em Janeiro de 2013, decidiu iniciar um novo projecto artístico, o mais autobiográfico até à data, através do qual iria procurar não só recuperar a memória de factos acontecidos na II guerra mundial, mas também, preencher silêncios relacionados com a sua história familiar. Esta investigação passou por diversas viagens ao sudeste asiático – Tailândia, Singapura, Cambodja, Vietname, Indonésia –, consulta de arquivos, entrevistas e uma cerimónia budista, tendo culminado com a realização de um espectáculo de teatro de sombras (Wayang Kulit). "Demasiadas sombras" é título da exposição de Kevin van Braak, inaugurada no Sismógrafo. Tratou-se de uma instalação composta por pintura, escultura, vídeo e um teatro de sombras formado por dezenas de personagens. A mostra, em grande parte produzida em Bali e com curadoria de Óscar Faria, traduziu as pesquisas efectuadas pelo artista, podendo ser lida quer como uma tentativa de aproximação às histórias do colonialismo e das ocupações no sudeste asiático, quer como um resgate de memórias onde a intimidade se cruza com uma esfera pública mantida à custa de simulacros e ocultações. 

Exposição
24 Out – 16 Nov 2014

Inauguração
Sexta-feira, 24 Outubro 22:00

Entrada gratuita
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