RUI BAIÃOAntro

Performance
Sáb, 21 Jan 2017
22:00

Performance/ concerto

com Bruno Parrinha (saxofone) e Maria Radich (voz)

Entrada livre (lotação limitada)

Poesia e improvisação
"Vozes firmes, fontes gémeas, raras lâminas."

Óscar Faria


É aquilo que mais tememos: a poesia. Sim, essa doença que tudo invade e nos deixa sufocados. Cada verso de Rui Baião é uma metástase. E por isso é tão difícil de ser lido, porque, invasivo, a crescer por todos os lados, deixa o corpo sem palavras. Há uma epidemia que descola de cada verso. Ficamos voltados do avesso, autopsiados, com o coração, impiedoso, a clamar por um perdão que nunca há-de chegar. Tememos a poesia, exultamos com ela, doentes de amor, pacientes moribundos. Descobrimos então todo um mundo antigo, esse que nos chega de Camões, de uma frase inicial, essa escrita por Dante, mas agora sem o próprio desses tempos: aqui não há lirismos. Tudo é demasiado real para ser verdadeiro: “O erro que aí cante, soma/ e segue: de obrigacionista lesado a purista maltratado./ Com a pulseira na alma, ainda te vais magoar.” No fim do percurso das nossas existências resta-nos ser levados pela mão desta dor. Abandonados pela poesia, pela linguagem, pela crença no outro, erguemos o punho e pomos o volume no máximo: noise, noizz, esse barulho das ondas quando explodem contra as rochas: “Náufrago, sou isso mesmo – fogueira coincidente/ a essa falta de higiene – 7 escaras ao léu:/ curativo da cabeça aos pés. Por hora,/ núcleo duro entre bambus,/ sem ai nem ui.”


No Sismógrafo, Bruno Parinha (saxofone) e Maria Radich (voz) interpretam “Antro”, o novo livro, ainda inédito, de Rui Baião. O texto, a publicar em breve pela editora Averno, dá continuidade ao escalpelizar do mundo contemporâneo, que vem sendo desde há muito a tarefa deste autor.

Rui Baião nasceu em Lisboa a 24 de Novembro de 1953. Entre os livros publicados, podem destacar-se “Quiasma” (frenesi, 1982); “Ara” (c/ Vitor Silva Tavares e Paulo da Costa Domingos, frenesi, 1984); “Mix Dixit” (frenesi, 1984); “Aqueduto” (& etc, 1985); “nihil” (frenesi, 1986); “Sião” (c/ Paulo da Costa Domingos e Al Berto, frenesi, 1987); “Maligno” (frenesi, 1991); “Nuez” (c/ Paulo Nozolino, frenesi, 2003); “Rude” (Averno, 2012); naevus (c/ Thierry Simões, Abysmo, 2013); “Asco” (DSO, 2014); “Insane” (Averno, 2014) e “Noizz” (Companhia das Índias, 2016).

José Bruno Parrinha é saxofonista e clarinetista. Estudou na academia de Amadores de Música. Fez parte da banda Pop Radar Kadafi. Depois fez parte do elenco de músicos na peça de teatro da Graça, "Vieux Carré". Em 1988 gravou com Sei Miguel ("Songs against love and terrorism”). Desde então tem dedicado o seu empenho na livre improvisação e tem participado em inúmeras formações e concertos com ilustres músicos tais como Rodrigo Amado, Rodrigo Pinheiro, Paulo Curado, Carlos Zingaro, Nuno Rebelo, Marco Franco entre muitos outros. 


Maria Radich é bailarina, coreógrafa e cantora. Desde 1995 desenvolve trabalho em dança e teatro com vários criadores. Na música destacam-se as participações na Poliploc Orquestra de Nuno Rebelo (1993/1995), no projecto musical OVO (2000/2006) e desde 2010 com os AbztraQt Sir Q.Tem igualmente participado em diversos concertos de música improvisada onde tem vindo a desenvolver e a definir uma linguagem vocal, numa vertente mais experimental.

Performance
Sáb, 21 Jan 2017
22:00

Performance/ concerto

com Bruno Parrinha (saxofone) e Maria Radich (voz)

Entrada livre (lotação limitada)