TETUZI AKIYAMATetuzi Akiyama

Música
Sex, 28 Fev 2014
22:00

Concerto

Entrada: 5€

Esta foi a quarta visita de Akiyama ao Porto, a primeira em mais de 7 anos e a oportunidade de rever um músico que tem vindo a tocar cada vez menos na Europa. Este concerto contou com um live visual act de Ana Carvalho, artista vídeo da cidade do Porto. Algures entre o motoqueiro do vasto deserto americano e o guerreiro samurai contido, o japonês Tetuzi Akiyama une, com a sua guitarra, os pontos de uma ligação improvável entre o blues do Sul dos EUA, a música improvisada electroacústica, o psicadelismo rock e algo não imediatamente identificável da cultura japonesa. Do quase-silêncio espectral até ao drone em volume máximo, encontra-se na música de Akiyama uma essência de texturas que se sobrepõe às propriedades acústicas imediatas da guitarra e que habita o espaço entre cascatas de fragmentos de linhagens mais facilmente reconhecíveis do folk, rock, blues e da música improvisada. A busca de um primitivismo que liga o músico directamente ao instrumento e às  suas múltiplas ressonâncias é a narrativa da discografia de Akiyama, que em 30 anos conta com mais de 50 discos, 12 dos quais a solo. O início remonta ao final dos anos 80, com os grupos Madhar e Hykio String Quartet e as colaborações com os guitarristas Taku Sugimoto e Toshimaru Nakamura. Até ao primeiro álbum a solo, Relator em 2001 - os esboços iniciais dos blues tangidos por uma espada de samurai – contribuiu para o nascimento do Onkyo, um estilo musical minimalista interessado na textura do ruído silencioso e ligado às sessões de improvisação na mítica galeria Off Site em Tóquio (que serviram também de base à polinização cruzada entre a música improvisada do Ocidente e Oriente). Nos anos 00, a discografia foi crescendo exponencialmente, quer em improvisações a solo quer em parceria com outros músicos. A solo, os discos oscilam entre delicadas melodias de carácter pessoal que tanto sugerem ancestrais comuns à pós-Takoma de Jack Rose ou a Sir Richard Bishop como uma espécie de pré-linguagem do Mississípi ou de tradições pan-asiáticas (Route 13 to the Gates of Hell ou Pre-Existence, ambos de 2005) e abordagens mais livres e oblíquas focadas em micro- e sobre-tons, ecos fantasmáticos, silêncio e ruído (Résophonie de 2002 ou Terrifying Street Trees de 2006). Não podemos esquecer, claro, os drone-blues em alto volume de Don’t Forget to Boogie (2003). Os álbuns colaborativos aconteceram mais frequentemente com guitarristas (Oren Ambarchi, Tom Carter, Alan Licht, Greg Malcolm, Michel Henritzi) e a música electrónica/electroacústica (Toshimaru Nakamura, Jason Kahn, Günter Müller, Hervé Boghossian, Utah Kawasaki). Participou também como instrumentista em discos de outros músicos como por exemplo Otomo Yoshihide (na suaPortable Orchestra de 2001, Ensemble Cathode de 2002 ou Prisioner de 2007) ou até em Manafon (2009) de David Sylvian. A revista de música independente The Wire escreveu, em 2005, que Akiyama parecia estar a desafiar o título de guitarrista mais interessante do planeta – hipérbole ou não, é certo que o japonês tem uma sensibilidade e determinação metódica únicas e com a sua guitarra, acústica ou eléctrica, preparada ou despida, continua a traçar um caminho sem compromissos.

Música
Sex, 28 Fev 2014
22:00

Concerto

Entrada: 5€