CLARICE CUNHASísifo: a viagem dos monólitos

Luas e Águas abre as portas pela última vez ao público para que, após uma visita guiada à exposição de grupo, se dê início à desconstrução (literal) dos trabalhos de Clarice Cunha. A artista convida-nos, depois, a uma acção experimental sobre os materiais, as formas e as funções que nos enchem os dias de sonhos de imortalidade. Com engenho, Sísifo enganou a própria morte - a autenticidade da vida - e, com isso, desconcertou a ordem das coisas do mundo, acabando a carregar uma pedra montanha acima que, para sempre, acabaria por deslizar. A partir do Sismógrafo, rua abaixo, acartaremos os nossos monumentos descartáveis, numa viagem entre dissimulações urbanas, índices de matérias, provas de cabimento e geologias do quotidiano. Para onde vamos com este penedo? É nas Fontainhas, sobre pedra antiga, que acabaremos a nossa viagem e encontraremos novas combinações para os nossos plintos efémeros.

Clarice Cunha (São Paulo, 1985) vive e trabalha no Porto. É mestre em Artes Plásticas com especialização em Escultura, pela Universidade do Porto (Porto, 2022) e licenciada em Arquitectura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie (São Paulo, 2010). A sua prática artística articula diferentes camadas de experiência e leitura do ambiente construído. Através de uma linguagem plástica híbrida (instalações, intervenções, esculturas, fotografias, colagens), Clarice procura que os seus objectos reflictam sobre a presença humana na Terra e sobre como a intensa atividade industrial tem vindo a alterar a natureza deste ambiente. http://www.claricecunha.com.br/