VÍTOR POMARMoral da História

Exposição, Fora de Portas
12 Set – 25 Out 2020

Inauguração
Sábado, 12 de Setembro, 16:00

Entrada gratuita

A exposição "A moral da história", de Vítor Pomar, marca o regresso do artista à pintura. Composta por telas de grande dimensão e algumas fotografias, a mostra tem como inspiração e respiração o "Sutra de Vimalakirti", no qual este leigo explica que a sua doença é a de todos os seres sencientes, defendendo ainda a necessidade de um bodisatva doente conhecer a sua própria doença - nessa aprendizagem sublinha-se a importância quer da sabedoria, quer do método. O texto em questão, provavelmente composto no século II, pretende afirmar a tese de que todas as dicotomias são superadas pelo vazio, facto sustentado pelo silêncio final de Vimalakirti, quando convidado a falar.

Sutra de Maldoror

Óscar Faria

As perturbações, as depressões, a pandemia, os gatos, os catálogos, as exposições, as mentiras, os parasitas, os amigos, os jantares, a ansiedade da separação, a angústia da influência, os ciclos, o incenso, a meia praia, a praia grande, as piscinas, as máscaras, o gel desinfectante, as notícias, a selecção, as comissões, os livros, o emmanuel carrère, a zadie smith, a hillary mantel, o novo jazz de londres, o jardim de campanhã, as flores, os cantos, as suculentas, a autoridade, os queixumes, o silêncio, 4"33', as mudanças, as opiniões, a poesia, o isidore ducasse, o vinho branco, as transferências, a encomenda, o regresso à pintura, o sutra vimalakirti nirdesa, as mensagens, a mania da perseguição, os tratados, a lírica, os poemas homéricos, os insultos, a generosidade, as expulsões, a casa das artes, o sismógrafo, as serigrafias, o david hinton, o norman fischer, as traduções, os concursos, as viagens, os amores, as paranóias, o choro, o riso, a pré-história, as lavagens das mãos, as caminhadas, a paisagem, os retratos, os soundwalk collective (com a patti smith), o sutra do coração, os cemitérios, a manteiga italiana, a agricultura regenerativa, os correios, a tese de doutoramento, os pagamentos, a segurança social, as obsessões, os silenciamentos, os aproveitamentos, os plágios, as virtudes, a moby dick, as noites por dormir, as manhãs perdidas, os compromissos, o sylvain tesson, o noise japonês, os lucros, as perdas, os brinquedos, a alegria, as cartas, as obrigações, os ensaios, o dzogchen, o ch'an, o ocean vuong, a eileen myles, o nome das árvores, os votos, os calendários, as chatices, a arrogância, a imaturidade, os vegetais, as sessões de cinema, os palhaços ricos, os palhaços pobres, os pobres coitados, os sem abrigo, os ignorantes, os inteligentes, os espertos, os dissimulados, os interesseiros, os alpinistas, o yvon chouinard, a amy hollowell, o keith downman, as gaivotas, os albatrozes, os cisnes, o zazen, os corpos, a águia-de-bonelli, as traineiras, o valentin silvestrov, a sofia gubaidulina, a éliane radigue, a antena 2, os mergulhos, as sombras, as aquisições, os temperamentos, os abusos de confiança, as manipulações, o yin-yang, o i- ching, os suicídios, os lares, o mbappé, o taremi, as montagens, as jarras, as pipas, a relva, as quedas, as telas por engradar, as gráficas, as acusações, as omissões, o nevoeiro, a maresia, a bandeira vermelha, os gelados, os chocolates, os comprimidos, os exames, os erros, os dicionários, a pronúncia, as traduções, as visitas guiadas, os prémios, os júris, os drinks, os precários, os subsídios, o nepotismo, os medos, os partidos, as vontades, o sutra do lótus, o comércio, os abutres, a moral da história, as coroas de flores, a w.h.o., o zeitgeist, as transcrições de busoni, as entrevistas, as cesuras, as censuras, a hospitalidade, os late night tales, as misturas de burial – é altura nomear não só o que nos choca e humilha tão soberanamente, mas também o que nos alimenta e faz viver tão intensamente.

ANIMALIDADES E OUTRAS BOTÂNICAS

Ciclo de exposições

O ciclo “Animalidades e outras botânicas” pretende trazer para o primeiro plano uma reflexão sobre a forma como a arte tem vindo a criar novos espaços para o encontro entre as espécies, nessa tentativa de aproximar natureza e cultura, incluindo-se nesta proposta, entre outras, as ideias de Donna Haraway, Timothy Morton, Bruno Latour, Paul B. Preciado, Edward Osborne Wilson, Henry David Thoreau, e os poetas W.S. Merwin e Gary Snyder e a sua “ecologia profunda” que, no prefácio ao seu livro “A prática da natureza selvagem” (edição portuguesa, Antígona, 2018), escreve: “O mundo selvagem—frequentemente depreciado como caótico e brutal pelos pensadores ‘civilizados’—é na verdade imparcialmente, implacavelmente, belamente formal e livre. A sua expressão—a riqueza da vida animal e vegetal no globo, que inclui as tempestades, os vendavais, as calmas manhãs de Primavera, e nós próprios—é o mundo real, a que todos pertencemos.”

Vítor Pomar é uma figura de destaque no contexto da arte portuguesa desde a década de 1970. A sua abordagem conceptual tem influência no Budismo, especificamente na meditação Budista e espiritual. Embora enraizada na pintura, a obra de Vítor Pomar reúne uma multiplicidade de abordagens artísticas, cruzando a pintura com a experiência do desenho, da fotografia e do cinema. A unidade conceptual da sua obra é, portanto, continuamente colocada em reflexão pela diversidade de meios, linguagem e materialidade das obras, em fluxo permanente.

A obra de Vítor Pomar surge da reunião de experiências aparentemente dispersas inscritas no quotidiano, que através de um método diário, baseado na fragmentação, observação e criação de imagens, capta o interesse do artista pela conceptualização de ideias ligadas à ideia da existência absoluta. Pela imediatez do seu gesto pictórico, pelo surrealismo de seus desenhos, ou pelo filtro de realidade construído através da fotografia, Pomar questiona a relação, compreensão e experiência de tempo, lugar e ser.

A obra de Vítor Pomar (1949) foi apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Chiado 8 Arte Contemporânea, Lisboa, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal, Culturgest, Lisboa ou Centro Cultural de Belém, Lisboa entre outros.

Folha de sala

Exposição, Fora de Portas
12 Set – 25 Out 2020

Inauguração
Sábado, 12 de Setembro, 16:00

Entrada gratuita