LANÇAMENTO / CONVERSA "OS OVÁRIOS DAS PAPOILAS"

Isabel Carvalho, Vanessa Badagliacca, Maria João Macedo

A propósito do lançamento de “Os Ovários das Papoilas”, uma publicação que prolonga a exposição com o mesmo título realizada por Isabel Carvalho e Clara Batalha no Sismógrafo em 2018. Conversas com a participação da artista Isabel Carvalho, de Vanessa Badagliacca, autora do ensaio “Do campo até à língua” que agora se edita, e de Maria João Macedo, membro do Sismógrafo e do estúdio Macedo Cannatà que concebeu o design deste livro. Este lançamento coincide ainda com “Editoria Errância”, a exposição retrospectiva que a Culturgest está a dedicar à obra editorial de Isabel Carvalho, patente de 12 de Outubro até 2 de Fevereiro de 2025, em Lisboa.

Isabel Carvalho (Porto, 1977). O seu percurso artístico caracteriza-se por uma forte componente experimental, sustenta-se na investigação, principalmente no domínio da filosofia e da literatura, e desenvolve-se no cruzamento das artes com as ciências e o conhecimento especulativo. Nos seus projetos aborda recorrentemente questões relativas à materialidade subjacente à linguagem e extensíveis às formas expressivas não-verbais. O seu trabalho tem-se desenvolvido na íntima articulação entre as artes visuais, a escrita, a edição e a publicação de livros, grupo de expressões ou meios que, ao longo dos últimos anos, têm vindo a expandir para a escultura e a ocupação do espaço tridimensional. Expõe de forma individual e colectiva internacionalmente. Foi responsável pelo projeto Navio Vazio, um espaço de ocupação temporária de experimentação editorial a três dimensões. Em 2017, iniciou a revista Leonorana. É membro fundador da EARTHSEA — Associação cultural dedicada à promoção e disseminação da investigação artística interdisciplinar, centrada na interseção entre ecologia e tecnologia.

Sob o nome de Clara Batalha, um pseudónimo que escolheu por volta de 2010 — que pode ser lido como um nome próprio ou pelo seu significado, "brilhante/cintilante batalha" — encena uma colaboração de longo prazo que lhe permite desenvolver trabalhos no âmbito do desenho e da ilustração. Através deste trabalho em conjunto, Isabel Carvalho deseja explorar questões de identidade, género e estigma relacionado à velhice.

Clara Batalha (Porto, 1929). Formou-se em Arte e Geometria pela Universidade de Paris-Sorbonne e frequentou o curso livre de Artes Decorativas. Entre 1953 e 1965, trabalhou como educadora privada em Paris. De 1969 a 1983, estabeleceu-se na região do Douro (Baião), onde foi bibliotecária para a Fundação Calouste Gulbenkian. Somente em 1977, Batalha começou a escrever, desenhar e publicar regularmente no boletim da mesma Fundação. Desde 2010, em coautoria com Isabel Carvalho, desenvolveu vários projetos artísticos, nomeadamente para o espaço de experimentação editorial, Navio Vazio. Recentemente, tem se dedicado ao ativismo ambiental, juntando-se a vários grupos informais, e tem sido uma grande promotora do estudo da fenologia entre os jovens.

Vanessa Badagliacca (Palermo, 1981) é historiadora de arte e educadora. Doutorou-se em História da Arte pela FCSH-Universidade Nova de Lisboa com a tese “Materialidade Orgânica na Arte do Século XX. Plantas e animais (humanos e não humanos) da representação à materialização.” A sua pesquisa académica – interagindo com sua prática curatorial – explora os emaranhados entre vida vegetal, questões ambientais e práticas artísticas, com uma abordagem informada pelas ciências, ecocrítica e novos materialismos, focando principalmente a Península Ibérica e a América Latina numa perspetiva transnacional. O seu trabalho foi publicado em periódicos académicos internacionais e também se dedica à edição e escrita para exposições e revistas.