MARÍA XOSÉ AGRA ROMEROImagens da natureza: variações ecofeministas

Pensamento
Sáb, 19 Out 2024
17:00 – 19:00

no Sismógrafo

Entrada gratuita

Fotografia: Maria Durão, O que pode um corpo? (2022)

 

Os enquadramentos conceptuais e as imagens da Natureza têm mudado historicamente. Teorias organicistas, mecanicistas, materialistas ou espiritualistas sustentam imagens da natureza como um organismo vivo, selvagem e incontrolável, como uma mãe nutridora, ou imagens de passividade, de uma natureza a ser dominada, controlada, torturada ou explorada. Teorias e imagens que se associam ao sexo feminino, feminizam a natureza ou naturalizam a mulher, estabelecendo uma ligação entre a dominação da mulher e a dominação da natureza. Iremos olhar para as variações críticas da filosofia ecofeminista em torno desta ligação e para as formas de pensamento por oposições (Natureza/cultura e os seus associados), aproximando-nos aos ecofeminismos, para além das visões apocalípticas ou românticas, como uma perspectiva que nos coloca num dos eixos da reflexão actual, interrogando-nos sobre a natureza como categoria analítica e política e sobre a sua compreensão como placa tectónica.

 

María Xosé Agra Romero, doutora em Filosofia, é Catedrática de Filosofia Política da Universidade de Santiago de Compostela (aposentada). Foi coordenadora e é colaboradora do grupo de investigação Xustiza e Igualdade da USC; fundadora e parte do Centro de Investigacións feministas e Estudos de Xénero (CIFEX) da USC; membro eleito do Plenário e Coordenadora de Igualdade no Consello da Cultura Galega e Academic Visitor no Gender Institute da London School (2005). As suas linhas de investigação articulam-se em torno a questões da Filosofia política contemporânea (ecofeminismo, cidadania, multiculturalismo, violência, vulnerabilidade), em particular no que diz respeito às Teorias da justiça e à Teoria crítica feminista, sobre as que tem publicado, entre outros: (Compiladora): Ecología y Feminismo (1998); ¿Olvidar a Clitemnestra? Sobre justicia e igualdad (2016); estudos introdutórios a: Hobbes: Leviatán (Clásicos do pensamento universal USC/BBVA, 2018); Ursula Hirschmann: Nosotros, sin patria (Bellaterra edicións, 2019). Mais recentes: “Pensando políticamente la igualdad”, in J. Valdivielso (ed.): Democracia en estado de alarma (Plaza y Valdés, 2022); “Estructura básica e igualdad”, in J. Rodríguez Zepeda, Gustavo Leyva, Paulette Dieterlen, Faviola Rivera Castro (Coord.): Razones de justicia. A medio siglo de Una teoría de la justicia (Universidad Autónoma Metropolitana/Gedisa, 2023). Agra, Mª Xosé/Concha Varela: “Heredada, comprada, regalada: la biblioteca ‘propia’ de Emilia Pardo Bazán”, inAgora. Papeles de Filosofía, 43 (2) (2024). 

 

Imagens de Pensamento

Imagens de pensamento dá título a este ciclo de conferências que abre um espaço na programação do Sismógrafo para pensar as imagens e através das imagens. Pretende-se com estas conferências unir o discursivo e a imagem, confrontá-los, reconhecer o potencial de uma imagem, de um fragmento, resgatando experiências vitais ameaçadas num presente incerto. Estes tempos da “pós-verdade” e dos “factos alternativos”, turbulentos e inquietantes, tempos de pandemias, de crises ecológicas, financeiras, políticas e sociais, são “tempos interessantes”, para usar a expressão popularizada por Eric Hobsbawm. Tempos interessantes especialmente para o pensamento. Pensar é já contribuir para uma mudança. Este ciclo reivindica uma cooperação entre a força expressiva da arte e a precisão da filosofia. Sem uma linguagem que as acolha, as imagens podem cegar-nos ou nada dizer. Com estas conferências, o Sismógrafo procura cuidar o que Alexander Kluge chama um “jardim de cooperação”, um lugar que preserva os momentos em que a palavra e a imagem convergem de forma a produzirem algo novo, um espaço para a discrepância e a cooperação face às cacofonias da informação, face à manipulação industrial e escravização dos sentimentos. Em tempos difíceis, de cisões e segregações, a cooperação apresenta-se como um antídoto do tribalismo (Richard Sennett). Para abrir na cidade este jardim, este espaço de debate e polifonia, o Sismógrafo convidou oradores ligados à filosofia, à estética, à crítica de arte, às artes plásticas e ao cinema que, em diferentes momentos e desde diferentes perspectivas, procurarão apresentar um diagnóstico do presente.

Pensamento
Sáb, 19 Out 2024
17:00 – 19:00

no Sismógrafo

Entrada gratuita