HURRY UP. CHASE IT DOWN.
Exposição
9 Out – 7 Nov 2015
Inauguração
Sexta-feira, 9 Outubro 22:00
Entrada gratuita
Podemos ver Karl Holmqvist como um herdeiro de Mallarmé, sobretudo aquele de "La Dernière Mode", uma desconcertante revista publicada em 1874. O autor sueco tem vindo a construir um corpo de trabalho onde se cruzam diversos territórios, como a literatura, a arte e a moda, sendo mesmo de referir que ele é um dos protagonistas, enquanto modelo, da mais recente campanha publicitária da Brioni, uma marca de alta costura italiana. A obra de Holmqvist não deixa nunca de surpreender pelos usos que faz da linguagem, produzindo efeitos que tanto podem ter origem na arte conceptual, na poesia concreta, na performance ou mesmo na cultura popular, nomeadamente a proveniente da música, seja ela a pop, o rock alternativo ou o hip-hop. Há da sua parte, essa tentativa de agarrar o mundo, transformando-o numa sucessão de palavras e signos que traduzem não só a urgência de instaurar uma diferença política – sendo aqui o corpo o princípio e o fim desse desejo –, mas também a demonstração de uma possibilidade: o de fazer e o de dizer tanto com escassos meios. A economia aqui proposta é libidinal: incondicional e intensa.
No dia 8 de Outubro, na Dona Gertrudes, Karl Holmqvist irá proceder à leitura de textos do seu livro "What's my name?" (2009), uma colectânea inspirada em "A Terra Devastada", de T.S.Eliot, na qual o artista usa um método de trabalho baseado na citação, sendo que existem também passagens escritas por si próprio. As interpretações dos poemas constituem momentos únicos, inesquecíveis – recorde-se a performance realizada ao lado de Patti Smith na Bienal de Veneza de 2011, sob o signo de Rimbaud –, podendo transformar as percepções dos espectadores, que são convidados a entrar numa espécie de transe originado pela repetição de palavras. Há ainda instantes onde o humor, o silêncio ou a estranheza provocada pela mudança de contexto dos versos de uma canção, produzem cortes nesse mantra que é uma apresentação ao vivo deste autor.
A exposição no Sismógrafo, resulta do confronto do artista com a arquitectura do espaço. Aqui fica o texto que constitui a base de partida da mostra, onde será possível encontrar esse ping pong de palavras e imagens concretas,de palavras e imagens improvisadas, escritas à mão, sobre uma parede ou numa cadeira.
PODE PENSAR-SE EM REPETIÇÃO. REPETIR COMO QUEM ENSAIA. TIPO TESTAR ALGO E TÊ-LO AGARRADO À MEMÓRIA… FICAR OBECECADO COM ALGO E TÊ-LO A REPETIR NA CABEÇA. OU PODE USAR-SE UMA PALAVRA COMO MIMETIZAR. FAZENDO DE NOVO ALGO QUE JÁ FOI FEITO. PODERIA SER ACERCA DA AUTENTICIDADE. OU DA FALTA DELA. AUTORIA PARTILHADA. ESCRITA FANTASMA. IDOLATRIA. DRAG. HOMENS EM ROUPA DE MULHERES PARECEM-SE IMEDIATAMENTE MAIS COM MULHERES E MAIS COM HOMENS (OMBROS LARGOS E PERNAS MUSCULADAS…) AO MESMO TEMPO GOZANDO E CELEBRANDO AS MULHERES (COMO SE DEVE!) TODAS ESTAS COISAS PODEM SER FEITAS USANDO UM MÍNIMO DE MATERIAL E DESPESAS. SEM TRANSPORTE. SEM MOLDURAS. AGILIZAR PROCESSOS. INOPORTUNO. AS COISAS PODIAM SER MIGRATÓRIAS. AMBULATÓRIAS. MAIS COMO A PERFORMANCE. UM CIRCO ITINERANTE. EXPLODINDO NO ESPAÇO. TEMPORALIDADE. IMPROVISAÇÃO. DESPACHA-TE. PERSEGUE-O. UM VOCABULÁRIO. LINGUAGEM SUBJECTIVA. PROLONGADA NO TEMPO E LUGAR. (Karl Holmqvist)
Façamos uma pausa. Cafés e cigarros. E deixemo-nos levar pela última moda: NAENAE.
Exposição
9 Out – 7 Nov 2015
Inauguração
Sexta-feira, 9 Outubro 22:00
Entrada gratuita