Curadoria de Óscar Faria
Von Calhau!,
Isabel Carvalho,
Rosa Carvalho,
Cora 1988,
Gil Heitor Cortesão,
Luís Paulo Costa,
Renato Ferrão,
Karl Holmqvist,
Sofia Leitão,
Fabrizio Matos,
Sebastião Resende,
Fernando J. Ribeiro
Exposição
27 Set – 18 Out 2014
Inauguração
Sábado, 27 Setembro 22:00
Entrada gratuita
Von Calhau!, Isabel Carvalho, Rosa Carvalho, Cora 1988, Gil Heitor Cortesão, Luís Paulo Costa, Renato Ferrão, Karl Holmqvist, Sofia Leitão, Fabrizio Matos, Sebastião Resende, Fernando J. Ribeiro
O equinócio de outono de 2014 aconteceu dia 23 às 03h29m. Em 1930, nesta mudança de estação, Aleister Crowley desapareceu na Boca do Inferno, uma formação geológica na costa de Cascais. Produzido com a cumplicidade de Fernando Pessoa e do jornalista Augusto Ferreira Gomes, que “encontrou" junto à falésia uma carta de despedida e uma cigarreira com símbolos cabalísticos de inspiração egípcia, esse pseudo-suicídio tem tido diversas explicações para a sua realização. A fuga a credores e o abandono de uma amante, Hanni Jaeger, que havia abalado de Lisboa dias antes do simulacro, são duas explicações plausíveis, mas há também quem ponha a tónica no humor de ambos personagens.
Este foi o ponto de partida de A Boca do Inferno, uma exposição colectiva que reuniu trabalhos de 12 artistas, a que se juntaram objectos de carácter etnográfico, máscaras e esculturas provenientes de Africa, da Asia e da Europa. A ideia de desaparecimento atravessou esta mostra, a qual foi também habitada por um desejo de sublinhar a dimensão mágica da arte, que neste contexto se manifestou não só através do diálogo entre obras contemporâneas e artefactos rituais e votivos, mas também na evocação de universos tão diversos como a poesia, o ilusionismo ou a espeleologia.
À memória vem ainda a célebre fotografia em que Fernando Pessoa e Aleister Crowley surgem juntos a jogarem xadrez. Uma ode de Ricardo Reis ajuda a compôr a cena desta partida:
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.
Há contudo um dado importante, quem surge à direita na imagem não é o poeta português. Como explica o historiador Marco Pasí: "Por volta de 2006 eu recebi a informação que seria possível identificar o oponente de Crowley na imagem. Foi William Breeze, conhecido especialista em Crowley, que me disse que essa pessoa seria – com quase toda a certeza – um certo R. A. Starr, um conhecido de Crowley no inicío dos anos 30."
Nem tudo o que os teus olhos vêem é verdade. Aquilo que se ouve pode ser mentira. "...O simulacro nunca é aquilo que esconde a verdade - é a verdade que esconde que não existe. O simulacro é verdadeiro."
Faz o que queiras.
Abracadabra! Bem-vindos à Boca do Inferno.
Exposição
27 Set – 18 Out 2014
Inauguração
Sábado, 27 Setembro 22:00
Entrada gratuita